Dicas de viagem: roupas para o inverno europeu


Look básico de todo dia: sapato/bota cano longo, jeans, casaco e cachecol. Por baixo do casaco, mil coisas.

Continuando a série de postagens sobre a viagem à França, vou comentar um pouco sobre roupas e frio. Não sei se vou lembrar de todos os detalhes, mas farei o possível para dar dicas sobre como enfrentar o frio Europeu, o que comprar e o que usar, meus erros e meus acertos.

Estive na França entre meados de março e início de abril, fim de inverno e suposto início de primavera. Da primavera mesmo eu só vi algumas poucas flores em Paris. Os outros dias foram de frio intenso.

Foi a minha primeira viagem à Europa. Nancy, cidade onde fiquei hospedada, fica no leste da França. É o nordeste do país, muito próximo à Bélgica e à Alemanha. É fria, muito fria! Tem neve, tem neblina e tem o tão famoso verglas que nada mais é do que gelo que cobre tudo e causa uma dor de cabeça danada. Não vi neve, nem verglas, mas peguei um suave frio de 3 graus negativos. Eu me perguntei por que não morri em um frio desses? A resposta foi simples: roupas adequadas.

Pesquisando


Quando comecei a pesquisar sobre roupas sempre lia ou ouvia a mesma coisa: não leve nada daqui porque não funciona lá. Compre lá porque é mais barato e funciona. Bem, essas orientações têm seus fundamentos, mas não são 100% verdade.

Primeiro, nem tudo na Europa é mais barato do que no Brasil. Cada caso é um caso. Por exemplo, artigos em couro como sapatos e bolsas custam uma fortuna. Os artigos com preços acessíveis passam de 60 euros (156 reais) e não têm boa qualidade. Para um sapato bem acabado você vai deixar na loja uma quantia que inicia por volta de 160 euros (418 reais). Vi produtos bem mais caros que isso em shoppings por lá.

Vitrine de loja de calçados masculinos em Nancy/FRA.

Tendo em mente as informações que pesquisei com meu cunhado que mora lá ou em blogs e portais na web, tracei um plano de compras aqui mesmo no Brasil e que completei minimamente lá na França.

O que levei do Brasil


Sou friorenta, fato. Tenho rinite, sinusite e todas as “ites” que existirem relacionadas ao nariz. Minha vida era um terror quando morava em Caruaru onde os termômetros conseguem marcar um friozinho gostoso de até 16º. Só esse clima era suficiente para deixar meu nariz vermelho e me fazer usar casacos. Mudar para Recife foi uma salvação para o meu nariz. Imaginei que chegando a um lugar onde 7º graus é um “calorzão”, iria ficar parecendo a rena do nariz vermelho. Fiquei, mas foi só isso que aconteceu graças ao meu investimento nos “equipamentos” certos.

Ao contrário do que muita gente pensa, os casacos são a última etapa em que se deve pensar. Essa sim é uma etapa que você pode deixar para fazer lá. As demais, aconselho pôr em prática ainda no Brasil.

Primeiro você vai precisar de um bom conjunto de segunda pele. Ele será o seu melhor amigo durante toda a viagem. Aqui no Recife há lojas que vendem, mas são caras, cerca de 90 reais cada peça. Pesquisando na web eu encontrei a loja Ceroula (http://ceroula.com.br/) que é lá do sul e vende diversas roupas próprias para baixas temperaturas. Os preços são bem mais amigos, 25 reais a calça e 28 reais a blusa. São iguais às que se vende no Recife. Comprei segunda pele, meias e luvas. A Janice, dona da loja, é super atenciosa e não tive nenhum problema com a compra. Só aconselho não escolher o envio por PAC porque o nosso querido serviço dos Correios pode deixar você na mão. Um conjunto é suficiente porque dá pra lavar e secar rapidinho. Se tiver grana disponível, compre mais de um. A composição da peça é 100% poliamida com uma trama diferenciada que não permite que seu corpo perca calor, o que deixa você aquecido. Usei o conjunto todos os 20 dias da viagem. Lavava toda noite e de manhã já estava seco.

Se for investir em roupas íntimas, aconselho a compra de peças do mesmo material. A Trifil tem uma linha sem costura, com peças de poliamida que funcionam super bem. Você pode lavar a calcinha no banho, que seca em poucas horas. Assim você leva poucas peças e economiza espaço na mala. Acredite, você vai querer espaço na mala para trazer coisas de lá.

Do Brasil também levei três blusas de algodão com mangas compridas. Também as usei todos os dias. Fazem parte do look camadas que falarei mais adiante. Tive a péssima ideia de levar blusas de manga curta que não usei. Se soubesse teria levado mais algumas de manga comprida. Minha dica é não investir em nada sem manga, você não vai usar. Para resumir, o que levei e usei: 3 cardigans (Zara), 2 suéteres de tricô (Zara), 3 blusas de manga comprida (Hering), um casaco de poliamida com capuz (Oxer), um blusão de Fleece (Nord) e um tricozão de gola alta que comprei na C&A de Guarulhos em 2003, peça histórica (não é, Ivana Perobelli?).

Essas são exatamente as coisas que levei, incluindo modelos e cores. Tem quase tudo na web, até o pijama foi esse :)

Levei também jeans (4) e sapatos (2). Sapato é algo que precisa ser bem pensado. Compre sempre um número maior que o seu porque você vai precisar usar meias pesadas ou mais de uma meia normal. Tem que ser confortável porque você vai andar mais do que o Forrest Gump. Se o sapato ficar apertado, você vai estragar sua viagem ou gastar suas economias comprando outro por lá. Eu levei um Converse cano médio que é suficiente para aguentar o frio. Também levei uma botinha de couro preta (Sonho dos Pés) que esquenta menos, mas deixa o visual mais arrumado. Uma meia térmica junto com ela e tudo certo. Um chinelo é uma ótima pedida para ficar em casa ou para tomar banho. Mesmo com aquecedor, o chão no interior das casas é frio.

Levei também uma bolsa que fechava bem. Esse é um critério muito importante porque você precisa proteger seus pertences da chuva, do vento e dos picket pockets que estão por todos os lados. Levei uma Puma, presente da minha amiga Déb Meneses, tipo saco, que funcionou perfeitamente para carregar tudo, inclusive minha câmera. É uma bolsa modelo fitness, mas há modelos tipo saco menos esportivas para quem quer um look mais arrumadinho.

A maior surpresa que tive foi um pijama baratinho que comprei na Marisa. Fininho, mas que esquentou muito bem. Usei todos os dias e não senti nenhum frio com ele. Precisa mesmo ser um conjunto de calça e blusa com mangas compridas. Levei duas meias de lã acrílica da Lupo, fio 80, suficiente para encarar o frio, junto com a segunda pele. Acessórios, cosméticos e makes eu aconselho levar o mínimo possível. Você vai querer comprá-los por lá e super vale a pena fazer isso.

Minha mãe apareceu com um cachecol lindo que comprou e nunca usou. Levei para fazer um charme porque com as golas altas e o cabelo comprido eu não senti necessidade de usar. De Caruaru eu levei um gorrinho de tricô, com aba estilo boné, que me salvou das chuvas em Paris.

Dando dicas assim parece que sou a pessoa mais controlada do mundo, não é? Não sou mesmo. Só pesquisei muito e acabei tendo boas escolhas. Até chegar nesse ponto eu espalhei zilhões de coisas na cama e fui excluindo aquilo que me fez ficar em dúvida se usaria ou não. Surgiu a dúvida, descartei. Mesmo assim errei. Das coisas que insisti em levar e não usei: um Converse cano baixo, duas camisas de botão em viscose e duas blusinhas de viscose com manga curta. Enfim, todo mundo erra...

O que comprei ou peguei emprestado na França


Eu levei um par de meias térmicas e dois pares de meias de algodão normais. Diz a lenda que no frio intenso você não transpira. É mentira! Transpira menos, mas transpira sim. É preciso lavar sempre as meias. Como as meias não secaram tão rápido, acabei comprando meias por lá. Foi um bom investimento porque as meias na frança são fininhas e próprias para baixas temperaturas. Ficam mais confortáveis nos pés. Paguei 6 euros (15 reais) em um combo com dois pares.

Só tive essa necessidade, por incrível que pareça. Minha sogra sentiu mais frio que eu e teve que comprar um conjunto de roupas para frio, estilo a segunda pele, mas de algodão e bem mais grossas. Foram caras (uns 60 reais cada uma) e não se ajustam ao corpo. Essas roupas têm uma escala de calor que vai do 1 ao 4, sendo o nível 4 o que mais esquenta. Ela reclamou que em ambiente fechado elas esquentaram demais.

Na rua você vai mesmo precisar de um bom casaco ou sobretudo que proteja do vento, da chuva, da neve etc. Esse é importante que você deixe para resolver quando chegar lá. Eles são enormes, se quiser levar do Brasil vão tomar muito espaço na sua mala, além de custarem muito mais caro. Essa peça vai por cima de todas as outras e geralmente tem capuz ou gola alta. Acabei pegando emprestado um daqueles de nylon e penas de ganso (esse da foto ao lado) que são bem leves e protegem bem. Vi nas lojas em Nancy a partir de 40 euros (100 reais). No Brasil vi na Centauro por quase 400 reais. Em um próximo post eu falo melhor sobre tudo que comprei por lá, além das meias.

Look todo dia


Sabe aquela sensação “tô na Europa e vou sair bonequinha”? Esqueça! O look do dia na rua será o seu casaco. Basicamente é só ele que vai aparecer. As roupas por baixo dele só aparecem quando você estiver em um ambiente fechado e com aquecedor, ou seja, quase nunca se você for uma pessoa urbana, cidadã do mundo e quiser bater perna e conhecer as cidades assim como eu. Também é preciso estar com a mente bem aberta para se olhar no espelho e não encucar com a quantidade de roupas. Naturalmente você ficará mais "cheinha". Só há duas opções: sair serelepe e quentinha ou sair de vestidinho com meia preta e sapatilha e sentir o frio corroendo o seu osso.

Se você quer dar um pouco mais de estilo ao seu look invista nas cores. Foi o que fiz ao me jogar no vermelho, azul bic, verde esmeralda, roxo e outras cores. Com casaco marrom fez um contraste interessante e até que me senti bonitinha em alguns momentos, bem poucos.

Para não sentir frio – e nem calor – você precisa se vestir em camadas. De acordo com a temperatura do ambiente você vai colocando ou tirando roupas para se ajustar. Para que isso funcione as roupas escolhidas não podem marcar o que está por baixo. Sendo assim, o uniforme vai ser sempre jeans+blusa+casaco.

Eu saí sempre com o conjuntinho de segunda pele. Por cima dele uma calça jeans e a blusa de algodão com manga comprida. Em seguida eu colocava um suéter ou cardigan onde podia ousar mais. Depois disso entrava em cena o casacão para sair na rua. Nos pés eu colocava a meia térmica ou a meia francesa mais o sapato.

Usei pouco o cachecol. Só em dias de muito vento para proteger o nariz que estava a lá Bozo. Luvas eu não usei porque atrapalham muito, principalmente na hora das fotos. É praticamente impossível usar uma câmera em modo manual com luvas nas mãos. Difícil medir luz, ajustar diafragma... Enfiar as mãos nos bolsos dos casacos já resolve o problema do frio. O look constante era como esse da foto com algumas variações a cada dia. Se você estiver totalmente arrumadinha, todos saberão que você não é francesa. A marca típica do francês é ter uma "baguncinha" no look. Nas mulheres essa assinatura geralmente é o cabelo meio bagunçado. Acho uma graça!


A mala


Item de extrema importância. Leve uma tamanho grande. Eu tenho uma mala média e minha mãe me emprestou a dela tamanho grande. Cometi um grande erro ao me deixar levar pela opinião dos meus familiares que diziam que a mala era absurdamente grande. Deixei de trazer muita coisa da França. Fiquei sem espaço na maldita mala média.

Deixe espaço sobrando. Não leve nada que deixe você em dúvida sobre o uso. Aproveite essa dúvida para liberar espaço na sua mala. Cosméticos você vai comprar por ótimos preços em qualquer farmácia ou mercado. Em cada esquina haverá algum. Leve apenas o suficiente para uma emergência (vai que o avião te despacha no Serengeti africano!). O mesmo vale para acessórios e bijoux, lá são mega baratos e lindos.

Eu acho que é isso. Se lembrar de algo mais eu faço update na postagem. Espero muito que minhas dicas sejam úteis para quem decidir viajar e encarar o inverno europeu.

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