Aprender é uma arte: recursos para estudar todos os dias

Foto: +Karla Vidal 

Analisando as ações daqueles ao meu redor, sem intenção de desenvolver reflexões mais profundas, percebo que a ação de estudar não está no topo das prioridades das pessoas. Essa é uma característica bem brasileira, em que trabalho e lazer sempre aparecem no topo das pesquisas. Estudar sem trabalhar às vezes é até considerado "vagabundagem". Tomar o estudo como lazer é "loucura". Afirmo isso com base em minha própria experiência de vida. Investir em educação então, nem pensar! Por que gastar dinheiro com algo "chato" que nem prioridade é?

Para se produzir qualquer tipo de transformação nesse cenário é necessário observar as coisas por um outro ângulo. O ato de estudar não deve ser visto como uma obrigação estrategicamente posicionada no primeiro estágio da nossa vida. Aquela obrigação que funciona apenas para fazer você conseguir um bom emprego. Esquecem de nos dizer que, quase nunca, o melhor emprego é realmente bom e, que para ter condições de entender e analisar o mundo, vai ser necessário estudar a vida inteira.

Registro das primeiras aulas de fotografia no Recife em 2000/2001. Câmera no temporizador.

Quando comecei a estudar fotografia conheci uma professora sensacional chamada Nerivanha Bezerra que, sem dúvida, foi uma das melhores professoras que tive. Não posso reclamar porque a vida me presenteou com muitos bons professores. Nerivanha não era boa só porque dominava técnicas ou tinha uma bagagem teórica astronômica. Ela era boa porque sabia ouvir e dar conselhos, era humana. Logo em sua primeira aula Nerivanha nos ensinou, através de um simples diálogo, como descondicionar o nosso olhar para conseguir ver as coisas de uma nova maneira, além daquele jeito óbvio com o qual já estávamos acostumados. Ensinou-nos a mudar os hábitos e enxergar beleza em tudo, até num simples martelo jogado no chão. Se ainda estivesse viva, certamente continuaria ensinando as pessoas a descondicionar pensamentos para entender que educação é bem mais que obrigação.

Eu gosto de estudar porque tive bons professores que me ensinaram que estudar é gostoso. Ensinaram-me que dá pra ter prazer aprendendo e produzindo algo com o conteúdo aprendido. E que esse algo pode trazer resultados que contribuam para uma vida agradável não só pra mim como para todos. Se todos conseguirem enxergar a educação dessa forma, certamente vamos transformar o cenário que apresentei logo no começo do texto.

Ahhh, Karla, muito lindo isso tudo, mas a gente quer mesmo é saber como se coloca isso em prática? Eu respondo que o primeiro passo é ter vontade de mudar e vencer preconceitos. O segundo é prestar atenção no que está acontecendo ao seu redor e tentar imitar assim como fazem os bebês. E hoje em dia, com o auxílio das tecnologias, em menos de 1 hora você já vai ter tido contato com uma série de bons exemplos para seguir estudando dia após dia. A seguir, apresento os recursos e aplicativos que uso diariamente para estudar. Não tem nada muito complicado e nem totalmente desconhecido, mas são hábitos que se você conseguir construir vão transformar a sua vida e podem ajudar você a transformar o mundo.

Coursera


Ilustração produzida com elementos gráficos do freepik.com


Talvez seja o portal de cursos online mais conhecido do mundo. Isso acontece porque ele é mesmo sensacional. Oferece uma cartela de cursos vinculados a universidades de diferentes países e em diferentes línguas. São cursos para serem feitos no seu tempo ou sob oferta determinada pelas instituições promotoras. Já fiz vários! Recentemente concluí um curso maravilhoso sobre cinema e teledramaturgia escandinava oferecido pela Universidade de Kopenhagen com um grade achieved de 89.8%. Nada mal, não é? Através do Coursera já estudei com professores da Universidade Autônoma do México, da Universidade da Pensilvânia, do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque entre outras. Frequência de uso: tento concluir um curso a cada seis meses.

Issuu


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Aqui você precisa desenvolver estratégias de busca e caminhar por conta própria em busca de publicações para sua leitura. O Issuu é uma rede social para disponibilização de publicações — livros, cartilhas, papers e revistas —  com uma interface própria para leitura online. Alguns produtores também habilitam o download das publicações. No entanto, a experiência online, tanto em desktop como em dispositivos, é tão legal que quase nunca sinto a necessidade de realizar download. O ambiente é tão bom que atrai editores que produzem já pensando na plataforma, como é o caso da Pipa Comunicação, do Pibid Letras e da Revista Ao pé da LetraFrequência de uso: tento ler algo novo toda semana.

Duolingo


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Esse é mega famoso e muito legal. É tão simples que dá pra usar na fila do banco, no consultório e até no banheiro (hahahaha, somos humanos!). Já ouvi muita gente dizer que o esquema é bobo, mas certamente quem fala isso não avançou níveis para perceber que a coisa toda vai ficando cada vez mais complexa. Estou por lá tentando permanecer focada no francês, mas já de olho em outras línguas. Frequência de uso: tento usar todos os dias. Não se preocupe que a corujinha do app manda notificações de metas todos os dias. Não há risco de esquecer.

E-books gratuitos


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Sou a louca dos e-books gratuitos. Quero ler todos! Mas, como meu cérebro já anda meio cansado do volume de informações que recebe, acabo só lendo mesmo aquilo que me conquista. Para encontrar boas leituras a dica é participar de grupos e comunidades que referenciem boas obras. É preciso estar atento e checar se o livro possui ISBN, se faz parte de uma catálogo de alguma editora e se essa editora possui conselho editorial que avalia o conteúdo. Há muito material questionável na Internet. Ter registro e selo de editoras não garante bom conteúdo, mas já é um indício de cuidado e responsabilidade. Atualmente estou lendo duas obras: o VLEF do Tiago Mattos e o Por que os educadores devem ir além do data show - e como fazer isso da Ana Prado. Frequência de uso: apareceu ebook interessante na rede eu baixo.

TV Sala


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Tem dias (ou semanas) que não dá pra você acompanhar o volume monstro de informações que circula na rede. Mas, quem trabalha com comunicação não tem escolha, tem que saber. Eu costumo estar antenada diariamente. Mesmo assim, todos os sábados eu fico ligada no inCrível que é um web program produzido pelo pessoal da TV Sala. No programa eles fazem um resumão bem humorado de tudo que rolou na web. O portal também é repleto de informações sobre cultura digital que vale a pena seguir. Frequência de uso: todo sábado a partir das 21h.

Netflix


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Sim! É possível estudar vendo seriados da mesma forma que é possível estudar assistindo a vídeos ou vendo filmes. É só pesquisar o assunto abordado e cruzar a informação que você tem com a que foi abordada pelo roteirista. Posso dizer que é muito divertido comparar o que você aprendeu com o que foi apresentado a você. Tive experiências muito agradáveis com séries como The Tudors (que saiu do catálogo) e The Borgias. Outro material muito bom que está disponível no Netflix são os documentários da BBC, da National Geographic e os TEDsFrequência de uso: quase todos os dias, vai depender do nível de cansaço.

Snapchat


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Já me perguntaram porque eu faço parte da rede de um app que só tem adolescente. Primeiro porque essa afirmação é falsa. Segundo porque os adolescentes têm muito a ensinar a mim e a você. E terceiro porque é a única rede em que os usuários estão motivados a mostrar o cotidiano de suas cidades para o resto do mundo. Não se trata só de conhecer as cidades "bombadinhas" e sim de conhecer, por exemplo, Izmir na Turquia. Os geofilters do Snapchat destacam cidades e eventos de todos os lugares do mundo todos os dias. Você pode ter contato com a cultura e os costumes de diferentes lugares pela ótica daqueles que realmente têm algo a dizer: as pessoas comuns. Obviamente tem conteúdo irrelevante também, mas isso a gente encontra até em livros, por que não encontraríamos nas redes? Frequência de uso: todos os dias.

Chromecast + Youtube


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O youtube é o paraíso da aprendizagem para quem está disposto a buscar bom conteúdo. Há canais que produzem conteúdo para ensinar de construção civil até história da arte. O advento do Chromecast (ou da Apple TV para quem preferir) é uma revolução na forma de consumir conteúdo online. Esses aparelhinhos de baixo custo simplesmente jogam na TV o conteúdo do seu dispositivo. No caso do Chromecast até a timeline do Google+ pode ser exibida na TV. Eu que sou assinante de vários canais no youtube adoro deitar para estudar. Vejo muito o conteúdo produzido pela Canon sobre fotografia e vários canais que ensinam francês. Também gosto de rever os filmes que estudei na universidade que hoje estão disponíveis em canais como o ClassicMoviesHQ. Ahhh, se tivesse Youtube na minha época de faculdade... Frequência de uso: semanal ou mensalmente. Depende do volume de seriados vistos no Netflix.

Listando assim parece que eu não tenho tempo para mais nada além de estudar. Mas, não é verdade. Tudo é uma questão de vontade e disciplina. Há aplicativos que ajudam a gerenciar seu tempo e suas atividades, mas esses serão assuntos de um outro post. Espero que tenham gostado das informações. Compartilhem nos comentários quais ferramentas vocês usam. Quero saber pra usar também!

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